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Imortal da ALB, Décio Torres lança livro com geografias e sentimentos

Redação • 29/05/2025 - 14:01


		Imortal da ALB, Décio Torres lança livro com geografias e sentimentos
Imagem: Maria Dolores Pinheiro | Divulgação

Por trás de cada viagem, há sempre mais do que um roteiro ou um destino. Para o professor aposentado e escritor Décio Torres, 67, atravessar fronteiras geográficas é também um jeito de percorrer paisagens interiores. Essa é a proposta de seu novo livro de crônicas, Viagens e Travessias, que será lançado na sexta-feira (30), 17h, na sede da Academia de Letras da Bahia (ALB), onde o autor ocupa a Cadeira nº 19. A sessão faz parte do projeto Livros na Mesa e é aberta ao público.

A obra reúne cinco crônicas que se entrelaçam com contos, ambientadas em diferentes cidades do Brasil e da Europa. “Trata-se de experiências reais de viagem, escritas em momentos distintos, algumas mais recentes, outras mais antigas, mas sempre atravessadas por um olhar reflexivo e literário”, resume Torres.

Segundo Décio, a ideia de “travessia”, presente no título, vai além do deslocamento geográfico. “Cada viagem é também uma travessia interior. Quando você visita um lugar, acaba visitando também a si mesmo. Você se vê comparando culturas, modos de vida, e evocando lembranças da sua própria história”, enfatiza o autor. É esse movimento de dentro para fora que estrutura a narrativa das crônicas, com passagens que unem fatos vividos a reflexões profundas.

“É também uma viagem pelas lembranças, pela comparação com sua própria cultura e por aquilo que se transforma em você quando você entra em contato com o outro”, complementa Torres.

Apesar de figurar oficialmente como um livro de crônicas, a definição talvez seja limitadora para uma obra que, deliberadamente, amplia outros gêneros.

Com uma trajetória marcada pelo estudo de literatura comparada, narrativa contemporânea e relações entre literatura e cinema, áreas que explorou em sua formação como Ph.D. pela State University of New York (SUNY) e em seu pós-doutorado sobre as adaptações de Macbeth para o cinema, Décio Torres constrói seus textos como “mesclas” entre formas narrativas.

“O primeiro conto, por exemplo, começa com um poema de Fernando Pessoa. A partir dessa imagem poética, ele se desdobra numa narrativa que transita entre crônica de viagem e conto literário”, conta o autor.

Essa alternância entre formatos faz do novo trabalho do escritor um exercício de transgressão dos limites clássicos entre os gêneros. O livro desafia a taxonomia tradicional da literatura, recuperando a tradição modernista de flertar com o híbrido e o fragmentário. Torres não classifica suas histórias apenas como crônicas, apesar de ancorá-las em experiências concretas e pessoais. “Eu gosto muito de brincar com essas fronteiras, com esses pontos de intersecção. Sempre me fascinou essa possibilidade de experimentar estruturas narrativas que vão além das classificações”.

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