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CRÍTICA:"Coringa 2" capta o impacto visual e a brutalidade do original
Há exatos cinco anos, no texto sobre Coringa (2019), filme que Todd Philips utilizou para renovar a fé do espectador na versão cinematográfica do personagem da DC, depois da Warner Bros. nos traumatizar com a caracterização de Jared Leto para o mesmo (isso após Heath Ledger ascender ao panteão dos deuses da atuação onze anos antes), este escriba destacou os degraus da insanidade percorridos por Arthur Fleck, personagem vivido com gosto por Joaquim Phoenix.
Tratava-se de um símbolo imagético perfeito. A metáfora ideal de um homem que, semelhante a Sísifo e sua constante e diária subida da montanha como uma busca de um sentido para a vida, escala degrau por degrau, exausto, a íngreme escadaria percorrida na rotina como uma ascensão de um abismo. Tal fosso existencial do qual o sofrido protagonista precisava escapar diariamente o levava de volta ao minúsculo apartamento, um muquifo onde encontrava o dependente cuidado materno, um único refúgio no qual poderia se sentir minimamente confortável nas ingênuas fantasias mentais com a TV. Isso, claro, até o próximo mergulho nas trevas no dia seguinte.
Naquela espiral descendente e catártica que anunciava uma tragédia, Fleck, antes de abraçar a loucura assassina do palhaço da identidade real dele, era massacrado pela violência do mundo ao redor, até um ponto de ruptura. As consequências dessa ruptura é o que vemos em Delírio a Dois, a excelente e imediata continuação que acaba de chegar aos cinemas. Trata-se de um filme que, fugindo de uma proposta simplória de sequência, na qual seria fácil reciclar elementos e personagens (time que está ganhando...), prefere abordar outro conceito de aprofundamento da loucura dos protagonistas.
Tais elementos citados surgem não como uma reutilização oportunista de um eficiente artifício visual e narrativo, mas como um modo de se confirmar a força e o impacto que os mesmos possuem. E, para se confirmar com ainda mais precisão essa fuga de uma zona de conforto de inércia narrativa, Delírio a Dois Encontra-se de maneira corajosa em um gênero que surgiu tímido no original, mas que, agora, é abraçado da mesma forma como a loucura é abraçada pelos protagonistas.
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