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Rita Lee tinha relação próxima com musicalidade baiana
A roqueira Rita Lee, que morreu aos 75 anos na noite desta segunda-feira, 8, teceu grandes relações com a Bahia ao longo de sua exitosa carreira. A cantora integrou o movimento tropicalista junto a Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Tom Zé, entre outros nomes. Além da parceria musical, Rita ainda manteve grandes amizades no meio artístico baiano.
A cantora baiana, Pitty, por exemplo, publicou uma homenagem à Rainha do Rock nas redes sociais. "Estou em frangalhos. A Maior nos deixa hoje… que dia triste. Ritinha, te amarei para todo sempre!", lamentou.
Na publicação, a artista também desejou sentimentos à família e amigos de Rita Lee. "Brilhará eternamente para mim. Nunca haverá outra Rita Lee. Obrigada por existir", declarou.
As duas cantoras tinham uma relação de 'mãe e filha'. Pitty comentou em uma entrevista que Rita já a apresentou como sua filha em shows e eventos. A artista ainda brincou que era filha de Rita e Raul Seixas no plano astral.
Ao longo da carreira, Rita Lee e Pitty tiveram algumas parcerias musicais. Em 2004, a dupla se reuniu para o especial "MTV Ao Vivo". A baiana também já gravou um dos grandes sucessos de Rita, "Agora só falta você", para a abertura de Malhação em 2014.
Gilberto Gil homenageou a amiga nas redes sociais com um trecho de uma entrevista no programa Refazenda, na GNT, apresentado pela filha Bela Gil. O episódio marcou o reencontro da dupla após dez anos. Os dois aparecem cantando a música que dá nome ao programa.
"Comadre Rita, Anibal, cabrinha, caprichosa capricorniana, amiga... Descansa, minha irmã. Amo você. Um abraço fraterno da família Gil nos meninos Roberto, Beto, João e Antonio, nos familiares e amigos e nos fãs, assim como eu", publicou.
Rita Lee também foi próxima de outra lenda do Rock, o cantor Raul Seixas. A artista interpretou o baiano em "Tanta Estrela Por Aí", curta-metragem lançado no início dos anos 1990, pouco tempo depois da sua morte.
Outra baiana, a cantora Preta Gil usou as redes sociais para homenagear Rita Lee e lamentar a sua morte. A artista ainda agradeceu por ter convivido de forma tão próxima com ela desde a infância. Na publicação, Preta também publicou uma foto onde as duas dão um selinho.
“Minha tudo Rita Lee, as palavras me faltam agora! Eu tive o privilégio de conviver com minha ídola, com minha musa, desde a minha infância até a vida adulta, cantamos juntas, rimos juntas, um grande presente”, escreveu.
Em 1966, Rita formou 'Os Mutantes', banda de rock formada inicialmente por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. O vigor musical apresentado pelo grupo chamou a atenção de um novo movimento que surgia na Bahia e despontava no cenário nacional: a Tropicália. Assim, a partir de 1967, Os Mutantes começaram a acompanhar os cantores baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso.
A presença de guitarras elétricas no palco incomodava uma esquerda nacionalista, que via nos instrumentos uma invasão da cultura norte-americana no Brasil, sem saber que em 1949, uma dupla na Bahia já havia inventado o pau elétrico, conhecido hoje como guitarra baiana.
Em sua segunda apresentação, a canção baseada no som de um berimbau e com a vitalidade de jovens rockeiros já havia conquistado a massa. A reação empolgada do público é visível em gravações disponíveis no YouTube.
Em 1968, já dentro do movimento tropicalista, Rita Lee e Os Mutantes gravaram, junto a Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Nara Leão e Gal Costa o histórico álbum "Tropicália ou Panis et Circencis". A banda paulistana participou de faixas marcantes como a própria canção "Panis et Circencis" e o "Hino ao Senhor do Bonfim", em uma gravação muito tocada na Bahia até hoje.
Vida e carreira
Rita Lee Jones nasceu na capital São Paulo, no dia 31 de dezembro de 1947. O início na música aconteceu por incentivo da sua mãe, a italiana Romilda Padula, que era pianista e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs.
Durante toda a sua carreira, Rita Lee foi referência de criatividade e independência feminina, o que lhe rendeu o título de “Rainha do Rock Brasileiro".
Em 1966, ela formou a banda 'Os Mutantes', considerada a maior do rock brasileiro. O grupo, formado inicialmente por Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, ainda acompanhou os baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso.
A cantora integrou os Mutantes no período mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972. Gravou “Os Mutantes” (68), “Mutantes” (69), “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” (70), “Jardim Elétrico” (71) e “Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz” (72).
Rita Lee deixou a banda em 1970 e seguiu para o grupo 'Tutti Frutti', no qual gravou cinco álbuns, com destaque para “Fruto proibido”, de 1975, que contava com a música “Agora só falta você”, música regravada diversas vezes e parte do histórico musical brasileiro.
Em 1979, Rita Lee se firmou de vez na carreira solo, com músicas de sucesso no pop-rock. Um dos álbuns mais bem sucedidos foi “Rita Lee”, de 1979, com “Mania de Você”, “Chega mais” e “Doce Vampiro”.
Em 2001, ela ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa com “3001”, e ainda teria mais cinco indicações ao prêmio. A paulistana receberia, em 2022, o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra.
Por conta da fragilidade física, ela deixou de fazer shows em 2012. No seu último show, em 28 de janeiro daquele ano, discutiu com um policial, foi acusada de desacato à autoridade, levada à delegacia e liberada em seguida. O último álbum de canções inéditas em estúdio da artista saiu em abril de 2012. Ao todo foram 40 álbuns, sendo 6 com Os Mutantes, 34 na carreira solo.
Além da trajetória musical, Rita Lee escreveu diversos livros. Nos últimos três anos, a artista se dedicou à escrita da sua nova autobiografia, que teve a data de lançamento anunciada por ela há dois meses. A obra já está em pré-venda e chega ao mercado em 22 de maio, dia de Santa Rita de Cássia. A obra aborda as vivências da cantora, entre a pandemia de Covid-19 e o diagnóstico de câncer.